A Sony Music Entertainment Japan deu mais um passo ousado na modernização da indústria de animes. Em uma recente apresentação de negócios, o presidente Shunsuke Muramatsu revelou que a empresa está desenvolvendo uma tecnologia de Inteligência Artificial voltada para o processo de colorização em produções animadas.
O projeto está sendo conduzido em colaboração direta com os estúdios A-1 Pictures e CloverWorks, dois dos nomes mais respeitados do grupo Aniplex.
Sony aposta em IA para colorização de animes
A iniciativa faz parte de um movimento maior dentro da Sony para transformar os bastidores da criação de animes. Muramatsu explicou que os estúdios vêm sendo reestruturados para oferecer um ambiente onde os criadores possam focar mais na parte artística e menos nas etapas técnicas exaustivas.
A tecnologia em desenvolvimento busca justamente aliviar o peso das tarefas repetitivas e físicas, como a colorização quadro a quadro — tradicionalmente feita de forma manual — sem substituir a visão criativa dos artistas envolvidos.
AnimeCanvas e a nova fronteira da produção japonesa
Além da aplicação de IA, Muramatsu também mencionou o avanço da ferramenta interna chamada AnimeCanvas, que pretende redefinir o fluxo de trabalho em animações. De acordo com ele, tanto diretores quanto animadores estão diretamente envolvidos nos testes da tecnologia, que ainda passa por ajustes mas já apresenta bons resultados. O objetivo declarado é claro: tornar a produção de animes mais eficiente, reduzindo o desgaste e abrindo espaço para mais inovação artística.
Curiosamente, nem todos dentro do ecossistema Sony compartilham da mesma visão. Rahul Purini, CEO da Crunchyroll — que também pertence ao grupo — foi firme ao declarar que sua empresa não pretende utilizar IA no processo criativo, especialmente na atuação de voz. Para ele, dubladores e artistas são essenciais para contar histórias com emoção autêntica, e a tecnologia não deve substituir isso.
A controvérsia dentro da própria casa
A posição de Purini destaca uma contradição importante: enquanto os estúdios japoneses da Sony apostam no uso experimental de IA como apoio ao processo criativo, sua plataforma global de streaming adota uma postura mais conservadora. No entanto, como a maioria dos animes são produzidos por comitês compostos por diversos estúdios e empresas, nem sempre há espaço para decisões isoladas.
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Mesmo que a Crunchyroll deseje manter uma linha editorial sem IA, será possível manter esse compromisso se seus parceiros — e até sua empresa-mãe — avançarem com a adoção dessa tecnologia? A resposta, por enquanto, ainda está no ar. O que é certo é que o futuro da produção de animes está mudando rapidamente, e a Inteligência Artificial já faz parte dessa conversa.
