Capa de Mangás: Mangakás Denunciam Prática de Capas Sem Pagamento

Nos últimos dias, uma polêmica sobre o pagamento de capa de mangás vem tomando conta das redes sociais e agitando a indústria dos mangás no Japão. Sumito Oowara, autor do mangá Keep Your Hands Off Eizouken!, trouxe à tona uma questão delicada sobre a prática de ilustrações de capas sem remuneração adequada no mercado editorial de mangás.

A discussão começou quando Oowara compartilhou nas redes que, apesar do trabalho envolvido na criação das capas, muitos autores não recebem nada por essas ilustrações, o que surpreendeu tanto os fãs quanto outros autores.

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O Problema de Não Colorir Capa de Mangás

Keep Your Hands Off Eizouken!

Oowara decidiu expor esse problema ao relatar sua experiência pessoal em negociações com um editor. Ele mencionou que, ao sugerir a possibilidade de deixar a capa em branco caso não fosse pago por ela, a resposta do editor foi preocupante: “Isso afetaria as vendas, então, por favor, reconsidere.” Essa situação evidencia como as editoras se aproveitam do trabalho dos artistas sem oferecer uma remuneração justa, utilizando justificativas relacionadas ao desempenho de mercado para manter o status quo.

A crítica de Oowara não se limitou a um desabafo pessoal. Ele deixou claro que seu objetivo era expor uma questão sistêmica que afeta toda a indústria. O autor destacou que “não se trata apenas de mim, mas de toda a indústria de mangás. Quando eu falo sobre ser pago pelas capas, estou enviando uma mensagem para todos, buscando conscientizar sobre esse problema.”

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Sua postagem gerou uma onda de apoio de outros autores, que começaram a compartilhar suas próprias experiências sobre a falta de pagamento por ilustrações de capas, revelando o quão comum essa prática é na indústria.

Um Problema Que Vai Além de Oowara

Após a exposição de Oowara, vários mangakás se juntaram à conversa, ampliando o debate sobre a falta de pagamento por capas. Uma das vozes que se destacou foi a de Riho Sachimi, autora de Hanagatari Tenshōin Atsuhime, que reforçou a prática comum de ilustrar capas sem receber qualquer tipo de remuneração, independentemente do tamanho ou notoriedade da editora.

Sachimi relatou que, em muitos casos, opta por reutilizar ilustrações de revistas para não ter que criar algo novo sem receber por isso, mas, ao mesmo tempo, admitiu que, em diversas ocasiões, criou novas artes apenas para agradar os leitores.

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Outro autor que se pronunciou foi George Morikawa, criador do popular Hajime no Ippo. Ele explicou que, na maioria dos casos, o pagamento feito pelas editoras está relacionado ao conteúdo da revista em que o mangá é publicado, sem incluir a criação da capa ou páginas extras para a versão tankobon.

Morikawa, que também ocupa a posição de diretor-executivo da Associação de Cartunistas do Japão, apontou que o problema é complexo e varia de acordo com a editora, ressaltando que, em muitos casos, as ilustrações de capas são vistas como um “trabalho voluntário” do artista, sem obrigatoriedade de pagamento.

Consequências e Busca por Mudança na Indústria de Mangakás

Mesmo com autores como Morikawa oferecendo uma explicação mais técnica sobre as políticas de pagamento, muitos artistas e fãs consideraram essa resposta insatisfatória, já que o trabalho criativo dos artistas é uma parte essencial do sucesso das obras. A reação dos fãs foi rápida, com muitos expressando sua indignação nas redes sociais e apoiando os artistas na luta por uma compensação mais justa.

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Outros autores, como Virginia Nitohei, de Isekai Izakaya Nobu, relataram que o problema vai além da falta de pagamento pelas capas. Nitohei revelou que a promessa de pagamento para conteúdo extra em seu próximo volume foi quebrada, o que resultou na decisão de não incluir bônus nem ilustração de capa no volume 19 de sua obra. Essas situações evidenciam como a falta de respeito pelas promessas feitas aos artistas pode prejudicar diretamente a qualidade e o conteúdo das publicações.

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Sumito Oowara, que começou a serializar seu mangá Keep Your Hands Off Eizouken! em 2016, já conquistou sucesso suficiente para ter sua obra adaptada em um anime e até mesmo em um live-action. Ainda assim, o autor continua sendo afetado por práticas injustas da indústria, o que levanta a questão: se autores de renome passam por esse tipo de situação, como ficam os artistas iniciantes?

Oowara finalizou suas declarações sugerindo a criação de uma associação de mangakás, algo que pudesse dar mais voz aos criadores e possibilitar negociações mais justas. A ideia de unir forças para combater problemas como o trabalho não remunerado é um passo importante para mudar a realidade de muitos profissionais do setor.