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Guerra comercial entre EUA e Japão ameaça mercado de animes e vendas de produtos

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e Japão, impulsionada por tarifas cada vez mais altas sobre importações, está colocando em risco o mercado norte-americano — um dos mais importantes para o setor, especialmente no que diz respeito à venda de produtos licenciados. A indústria japonesa de animes enfrenta esse desafio econômico que pode afetar diretamente seu desempenho fora da Ásia.

As novas políticas comerciais impostas pelos EUA vêm elevando consideravelmente os custos para empresas japonesas que exportam produtos relacionados a animes, como figures, colecionáveis e acessórios fabricados na China ou mesmo enviados diretamente do Japão. Com barreiras mais rígidas, o impacto sobre a demanda norte-americana já começa a ser sentido.

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Produtos de anime ficam mais caros com novas tarifas

Estúdios menores enfrentam cenário ainda mais desafiador com a Guerra comercial

As medidas mais recentes implementadas pelos Estados Unidos incluem tarifas que chegam a 54% sobre produtos ligados ao universo otaku, incluindo mercadorias fabricadas em território chinês, mesmo quando revendidas por empresas japonesas. A aplicação da regra de “país de origem” e o fim da isenção de até 800 dólares para compras internacionais tornam a importação de itens muito mais cara para o consumidor americano.

Empresas como a Buyee, que intermediam a compra de produtos japoneses por clientes internacionais, já estão adaptando suas operações para atender às novas regras, ao mesmo tempo que buscam formas de suavizar os custos alfandegários para os consumidores. No entanto, analistas já apontam para uma possível queda na demanda, uma vez que o público dos Estados Unidos pode deixar de adquirir itens colecionáveis devido ao aumento nos preços finais.

América Latina e Ásia ganham destaque como novos mercados

Com a rentabilidade no mercado americano ameaçada, empresas japonesas começam a redirecionar suas estratégias para regiões em crescimento como América Latina e Sudeste Asiático. Em 2024, as vendas internacionais de produtos de anime aumentaram 58% na América Latina e 44% no Sudeste Asiático, impulsionadas pela expansão do e-commerce e pelo crescente interesse do público por cultura pop japonesa.

A China também segue como um mercado relevante, tendo exibido um número recorde de produções japonesas nos cinemas em 2024 — com destaque para o domínio dos animes nas bilheterias. No entanto, especialistas apontam que a dependência do mercado chinês pode ser arriscada, devido às tensões políticas e ao avanço das animações produzidas localmente, que já disputam espaço com o conteúdo estrangeiro.

Streaming mantém estabilidade e sustenta o setor apesar da guerra comercial

Apesar das incertezas no comércio internacional, o streaming segue como uma das fontes de receita mais estáveis da indústria de animes. Plataformas como Netflix e Crunchyroll continuam gerando lucros expressivos com assinaturas e licenciamento digital — que não sofrem impacto direto das tarifas, ao contrário dos produtos físicos.

Atualmente, os Estados Unidos representam quase metade da receita global de streaming de animes, mesmo concentrando apenas 7% da população mundial. Esse cenário mostra a força do digital na disseminação de conteúdo japonês e o quanto ele pode proteger parte da indústria em meio a instabilidades econômicas.

Estúdios menores enfrentam cenário ainda mais desafiador com a Guerra comercial

Enquanto as grandes produtoras encontram alternativas para equilibrar os prejuízos, os pequenos estúdios de animação vivem um momento crítico. Em 2024, ao menos seis estúdios japoneses declararam falência, pressionados pela diminuição de contratos tradicionais para cinema e TV, e pela forte concorrência no mercado digital.

Com o encarecimento das exportações e possível retração de investimentos de distribuidoras americanas, muitos desses estúdios correm o risco de perder ainda mais espaço, o que pode comprometer a diversidade de produções disponíveis no mercado global.

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Futuro do anime depende de negociações e expansão internacional

A guerra comercial entre Japão e Estados Unidos representa um desafio sério para o setor de animes, principalmente em relação à venda de produtos licenciados — uma das principais fontes de receita. Embora o streaming ajude a conter os impactos, a pressão econômica sobre o consumo físico deve forçar empresas a repensarem sua atuação nos mercados internacionais.

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Para se adaptar, o foco tem se voltado a expandir a presença em regiões emergentes, enquanto o Japão busca alternativas diplomáticas que garantam a redução de tarifas ou acordos de exportação mais favoráveis. O equilíbrio entre inovação, digitalização e novas estratégias comerciais será essencial para sustentar o crescimento da indústria nos próximos anos.

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