Finalmente, após cinco longos anos de expectativa e dúvidas sobre se a série realmente seria lançada, Uzumaki, a mais recente adaptação de uma obra do mestre do terror Junji Ito, fez sua grandiosa estreia no Adult Swim e HBO Max.
A história de Kirie e Shuichi na misteriosa e amaldiçoada cidade de Kurouzo-cho conseguiu prender a atenção dos fãs com uma animação de estilo único, trilha sonora envolvente e um elenco de dubladores excepcional. Aqueles que sonhavam com uma adaptação à altura de um dos trabalhos mais perturbadores de Junji Ito talvez tenham finalmente o que esperavam.
O estúdio Drive dedicou muito esforço a este primeiro episódio, e é possível sentir o toque do diretor Hiroshi Nagahama em cada cena. A pergunta que muitos se fazem é: valeu a pena toda a espera? Será que o anime consegue romper a suposta maldição das adaptações de Junji Ito?
Uzumaki Traz os Detalhes do Mangá para a Tela
Uma das características mais marcantes de Uzumaki é a escolha de manter a produção totalmente em preto e branco, uma decisão ousada que faz com que a série fique ainda mais fiel ao material original. Diferente de muitos animes que adaptam os traços para algo mais comercial, aqui cada frame parece ter sido cuidadosamente extraído diretamente das páginas do mangá, o que oferece aos fãs a sensação de estar realmente imerso na obra de Ito.
A técnica de rotoscopia utilizada pela equipe de animação, apesar de ser criticada em outras produções por seus movimentos às vezes estranhos, funciona muito bem em Uzumaki. Esse movimento fluido e levemente desconfortável dos personagens reforça a sensação constante de que há algo errado, de que estamos acompanhando uma história que não se desenrolará de forma previsível ou confortável. O trabalho em preto e branco, combinado com esse estilo de animação, cria uma atmosfera quase hipnótica, intensificando o suspense e o desconforto que permeiam cada cena.
A Trilha Sonora e os Efeitos Sonoros: Imersão Total no Horror
Outro ponto forte desta adaptação é a trilha sonora, composta pelo talentoso Colin Stetson, que já demonstrou seu domínio no gênero terror em trabalhos como Hereditário e The Menu. Ao contrário das trilhas sonoras clichês que se utilizam de sons estridentes para assustar, Stetson opta por uma abordagem mais sutil, mas igualmente perturbadora. Ele usa sons contínuos e orgânicos que se mesclam perfeitamente com as cenas, contribuindo para um crescente sentimento de ansiedade. É como se a música entrasse em nossa mente, fazendo parte da narrativa e nos puxando para dentro da história.
E não podemos esquecer do elenco de dublagem. A voz de Shin’ichiro Miki como Shuichi é um destaque, transmitindo de forma perfeita o medo e a paranoia que o personagem sente ao enfrentar a maldição do espiral. Mariya Ise, conhecida por dar voz a personagens como Killua em Hunter x Hunter, surpreende como Azami, capturando com maestria a transformação gradual e aterrorizante da personagem. É um elenco de peso que dá vida ao horror de maneira excepcional.
A Direção de Hiroshi Nagahama: Um Trabalho Minucioso e Atemorizante
O diretor Hiroshi Nagahama já era conhecido por trabalhos como Mushishi e The Flowers of Evil, mas em Uzumaki ele realmente se supera. Seu estilo de direção casa perfeitamente com o terror atmosférico que Junji Ito é famoso por criar. Cada cena é cuidadosamente construída para gerar desconforto, com movimentos lentos e enquadramentos que mantêm o espectador na ponta do assento. Nagahama não tem pressa em revelar o terror, e é exatamente isso que faz com que a tensão se acumule de forma tão eficaz.
A forma como ele conecta as histórias aparentemente independentes do mangá em uma narrativa contínua e coerente é outro ponto que merece destaque. Ao adaptar A Obsessão do Espiral Partes 1 e 2, A Cicatriz e O Caracol no primeiro episódio, Nagahama consegue criar uma sensação de que tudo está interligado, fazendo com que a sensação de ameaça se torne ainda mais palpável. Para quem já é fã da obra original, o episódio traz um misto de familiaridade e novidade, enquanto para os espectadores de primeira viagem, é um convite irresistível a adentrar o mundo bizarro de Uzumaki.
Uma Nova Era para as Adaptações de Junji Ito?
Com uma combinação de elementos visuais impressionantes, uma trilha sonora envolvente e uma direção que respeita o ritmo e o estilo do mangá, Uzumaki parece estar no caminho certo para finalmente quebrar a maldição das adaptações de Junji Ito. É raro ver uma obra de terror que se dedica tanto a reproduzir a sensação de desconforto e horror que a versão original oferece, e a série de Nagahama faz isso com maestria.
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É claro que ainda há muitos episódios pela frente, e a expectativa é alta. No entanto, se o nível de qualidade mantido no primeiro episódio continuar, Uzumaki tem tudo para se tornar uma das adaptações mais fiéis e impactantes do gênero.