Notícias

Miyazaki Critica IA em Meio à Tendência de Imagens Estilo Ghibli

A mais recente atualização do gerador de imagens da OpenAI virou um fenômeno nas redes sociais. Desde o lançamento da ferramenta integrada ao GPT-4o, no final de março, usuários começaram a compartilhar imagens estilizadas que imitam perfeitamente a estética visual dos filmes do Studio Ghibli.

A repercussão foi instantânea, impulsionando hashtags como #GhibliStyle e #AIGhibli, com milhares de artes retratando personagens, paisagens e até memes com aquele traço delicado e onírico típico da animação japonesa feita à mão.

Continua Após a Publicidade

Com o sucesso viral, até mesmo Sam Altman, CEO da OpenAI, entrou na onda ao publicar uma versão Ghibli de si mesmo gerada pela IA, imagem que agora estampa seu perfil oficial no X (antigo Twitter). No entanto, em meio à euforia digital, uma declaração contundente feita anos atrás por Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, voltou a circular com força — reacendendo um debate intenso sobre os limites da inteligência artificial no universo artístico.

A crítica de Miyazaki à inteligência artificial e Geração de Imagens Estilo Ghibli

O vídeo em questão é de 2016 e mostra Miyazaki assistindo a uma demonstração de animação gerada por IA. A cena exibida retrata uma criatura grotesca e deformada rastejando pelo chão, como parte de um experimento visual. Após ver o conteúdo, o cineasta japonês reagiu com profundo incômodo e fez um comentário que, agora, está sendo amplamente resgatado nas discussões online: “Isso é um insulto à própria vida.”

Visivelmente impactado, Miyazaki relata no vídeo que tem um amigo com deficiência e que, ao observar os desafios enfrentados por ele no dia a dia, não consegue achar graça em animações que desumanizam ou desvalorizam a existência. Para ele, a arte deve estar ligada à empatia, à experiência humana e ao esforço genuíno de criação — elementos que, em sua visão, são descartados quando se usa uma máquina para imitar emoções que ela mesma não compreende.

Repercussão entre fãs e artistas

A declaração voltou ao centro das atenções justamente quando o estilo Ghibli virou tendência global dentro das plataformas digitais. Diversos artistas, animadores e fãs manifestaram apoio à visão de Miyazaki, apontando que a apropriação do traço artístico do estúdio por ferramentas de IA é mais do que uma homenagem — seria uma forma de exploração estética sem consentimento, que fere os valores da criação artesanal.

Para muitos, ver algoritmos replicando o estilo de obras construídas com décadas de esforço humano é algo que minimiza o trabalho de animadores, diretores de arte e desenhistas que dedicaram suas vidas à animação tradicional. Além das críticas éticas, surgem questionamentos sobre os limites legais e morais da IA, sobretudo quando se trata de modelos treinados com dados protegidos por direitos autorais.

O risco para o legado da arte animada

A crítica de Miyazaki à inteligência artificial e Geração de Imagens Estilo Ghibli

A discussão vai além do uso estético. Ao permitir que qualquer pessoa gere imagens no estilo Ghibli com poucos cliques, o valor simbólico do traço original é enfraquecido. Isso levanta o temor de que o legado do Studio Ghibli — construído sobre princípios de criatividade, esforço humano e identidade visual única — possa ser diluído diante da padronização algorítmica.

Esse é o cerne da crítica de Miyazaki: a IA não apenas copia um estilo, mas o faz sem alma, sem dor, sem compreensão do que significa criar. E para um artista que sempre valorizou o processo tanto quanto o resultado, essa realidade representa uma afronta.

Futuro incerto e expectativa por posicionamentos

Ainda não se sabe se Sam Altman ou a OpenAI vão se posicionar sobre a polêmica. Por enquanto, a tendência segue crescendo e encantando muitos usuários, ao mesmo tempo em que gera desconforto entre profissionais do setor criativo. O próprio Studio Ghibli, que recentemente desmentiu rumores de ações judiciais contra o uso de IA, permanece em silêncio sobre essa nova onda.

Leia mais:

Com a tecnologia evoluindo rapidamente e as fronteiras legais ainda indefinidas, a tensão entre inovação e ética continuará presente. O renascimento das palavras de Hayao Miyazaki neste contexto mostra que a discussão não é apenas técnica, mas também profundamente humana.

Continua Após a Publicidade
Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo